Memórias de um Polinerd

By on jan 4, 2013 in Geral, Projetos pedagógicos | 0 comments

A esperança é a última que morre

   - Mãe, tô saindo!

   – Você vai aonde?

   – Vou dar uma voltinha com as meninas na praia.

   – Tá certo, cuidado!

   Sara sempre foi uma garota muito estudiosa e calada e morava apenas com sua mãe Isabel em um apartamento. Tinha um grupo de amigas com quem se identificava muito e eram meninas muito estudiosas também.

   Já na praia, todas estavam conversando e tomando água de coco, quando decidiram ir dar um mergulho no mar. Sara não quis muito ir porque o mar estava um pouco agitado, mas foi para não ficar sozinha na areia da praia. Naquele momento, a diversão parecia ser infinita, mas o que nenhuma delas sabia era que essa diversão em pouco tempo teria um fim. Todas as meninas decidiram fazer uma brincadeira: quem fica mais tempo debaixo d’água. E assim a brincadeira começou. A primeira a se levantar foi a ruiva Bianca, a segunda foi Melissa e a terceira foi Daniela. Todas na mesma hora disseram:

   – Sarinha, você ganhou! Já pode se levantar!

   Mas nada de Sara sair da água.

   – Sara, a brincadeira acabou… – disse Daniela olhando preocupadamente para as duas outras meninas.

   As três, aflitas, puxaram ela da água. O pior tinha acontecido: ela estava desacordada e toda roxa. Elas levaram Sara para a areia e chamaram a ambulância.

   No hospital, as três meninas ligaram para Isabel e contaram do ocorrido. Em poucos instantes ela chegou.

   – Mas meninas, o que aconteceu?

   Nessa hora o médico responsável pelo caso de Sara chega à sala onde estavam todas elas.

   – A senhora é Isabel, a mãe de Sara?

   – Sou sim doutor, como está minha filha? – disse Isabel super preocupada e com os olhos cheios de lágrimas.

   – Bom, ela está respirando com a ajuda de aparelhos, pois todo o ar de seus pulmões acabou e o que também descobrimos foi que durante o tempo que ela ficou em baixo d’água, ela engoliu um pedaço de alga considerado tóxico.          Esse pedaço de alga vai “comendo” seus órgãos até que… a senhora já sabe… a indesejada da gente chegue… Mas eu peço que fique calma, pois faremos de tudo para salvar sua filha.

   A única reação de Isabel foi baixar a cabeça e chorar. O resto do dia e a noite não conseguiu dormir pensando em como seria difícil viver sem sua companheira ou até mesmo vê-la todos os dias em cima de uma cama sem poder fazer nada.

   E o resto de sua vida foi assim: indo ao hospital todos os dias e tendo que está preparada para receber notícias boas e principalmente as ruins. O estado de Sara sempre oscilava muito. Às vezes, ficava estável e às vezes a tal alga atacava de novo. E, assim, passaram-se dois anos.

   Em um determinado dia o médico disse a Isabel que não tinha mais jeito: ou Sara fazia um transplante ou ela morreria. O seu estado estava muito grave, estava quase sem nenhum órgão dentro dela. Mas ainda havia outro problema: quem faria esse transplante para Sara? O caso era de urgência. Diante disso, Isabel decidiu tomar uma decisão inusitada. Ela precisava salvar sua filha. Queria deixar para ela um exemplo, queria que quando ela ficasse boa se lembrasse de todos os momentos que passaram, de quando estudavam juntas, de quando iam passear na praia com os cachorros e de quando iam dormir super tarde conversando e assistindo a filme todas enroladas em mantas. Sim, ela doaria seus órgãos. Vocês podem estar pensando que tudo tem um limite, mas para uma mãe ver seu filho bem, não tem limites não.

   Isabel comunicou ao médico o que iria fazer para salvar logo sua filha, pois, como o caso era de urgência, ela tinha que fazer logo um transplante. O doutor não concordou muito, mas teve que aceitar essa decisão.

   Antes de todo o procedimento do transplante, foi no quarto falar com Sara.

   – Filha, faço isso tudo porque quero ver de lá de cima você vivendo e sorrindo. Você irá morar com a Tia Sophia, já deixei tudo pronto e avisado ao médico. Não me arrependo de nada que fiz durante todo esse tempo em que você esteve aqui no hospital. Não se esqueça de que meu amor por você é infinito e se fosse preciso faria tudo de novo por você.

   Na mesma hora, Sara pegou na mão de sua mãe. Mas como? Isabel imediatamente chamou a equipe médica. Depois de horas o médico chegou com a notícia de que algo incrível tinha acontecido: os órgãos já estavam se reconstituindo e a alga não estava mais dentro do corpo de Sara.

   Sara recebeu alta uma semana e meia depois. Quando chegou a casa foi contar o que tinha acontecido com ela. Sara contou que, uma noite antes de sua mãe ir se despedir dela, um anjo foi a seu quarto, dizendo que ainda não estava na sua hora e que sua missão na Terra ainda não tinha acabado.                                          Contou também que o anjo tinha vindo em nome de Deus e que ganharia uma estrela com seu nome em sua homenagem. A mãe ficou surpresa com tudo aquilo que a filha havia lhe contado. Assim, as duas se abraçaram e passaram o resto do dia juntas e Sara, é claro, não se esqueceu de agradecer eternamente à sua mãe.

   Isabel tirou uma lição de tudo isso. Perder a esperança nunca, pois, por menor que ela seja, ainda existe. Só basta ter fé e acreditar que tudo poderá dar certo.

por Maria Eduarda Lavenère.

      Memórias de Polinerd é um projeto  de redação da turma do NAVE 1º ano, feito durante o ano letivo de 2012.

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