Expedições Pedagógicas

By on jun 3, 2019 in Projetos pedagógicos | 0 comments

Estudantes visitam cidades que foram palco de eventos históricos

Às margens do Rio São Francisco, com as solas dos tênis levemente molhadas, eles puderam apreciar o horizonte e compreender um pouco a grandeza do Velho Chico. Olhando nos olhos dos ribeirinhos e escutando seus relatos com atenção, conseguiram entender o que pensam e sentem os primeiros afetados pelas mudanças ambientais. Vivenciar a história e a cultura do Brasil é um dos objetivos do projeto Expedições Pedagógicas, iniciativa do Contato Maceió que leva estudantes para importantes cidades da região Nordeste.

A ideia é que eles absorvam de forma mais intensa o conhecimento transmitido em sala de aula. Antes de cada expedição, os alunos já estudaram bastante sobre o que irão ver durante a viagem. E a proposta pedagógica abrange todos os detalhes do percurso, desde o caminho na estrada, quando o professor apresenta diferentes vegetações, como a caatinga, até a chegada aos destinos finais.

“Nossa expedições são momentos de sair da teoria e ver na prática”, resume Mauricéa Nascimento, coordenadora dos projetos pedagógicos do Ensino Fundamental. Segundo a educadora, conseguir chamar a atenção dos alunos adolescentes requer muita habilidade. “A função do mediador — o professor — é despertar o prazer pelo conhecimento dentro deles”.

CIRCUITOS

As maiores expedições levam os alunos dos 7ºs anos para as cidades de Recife e Olinda, em Pernambuco, enquanto os alunos do 8ºs anos fazem o circuito Delmiro Gouveia, Piranhas e Paulo Afonso, percorrendo os Estados de Alagoas e Bahia.

Em território alagoano, o principal contexto é a revolução industrial. “Começamos em Delmiro, onde visitamos o museu, e depois seguimos para a usina hidrelétrica de Paulo Afonso. Explico quem foi Delmiro Gouveia, seu viés empreendedor, os impactos ambientais e a importância da construção da usina para os estados fronteiriços. Depois fazemos uma visita à reserva ecológica local e, claro, à noite também preparamos um momento de lazer e festa”, contou o professor de História, Rafael Teixeira, que dá as aulas ao ar livre.

Este circuito segue para a cidade de Piranhas para apresentar o cangaço, o rio São Francisco, a usina de Xingó e contar sobre a visita de Dom Pedro II à cidade. “Conhecemos o museu do cangaço, falamos sobre a arquitetura da cidade, mostramos onde foram expostas as cabeças dos cangaceiros mortos pela polícia alagoana, a beleza e o poder do rio e sua relevância para história do Brasil devido à integração nacional, transposição e seus impactos ambientais”, acrescentou Rafael.

A aluna do 9º ano, Hellen Gabriela Lima, já participou de três expedições e conta que as experiências têm sido marcantes. “Mesmo indo para estudar, acabamos nos divertindo muito e fazendo novas amizades. É bem diferente de uma aula dentro da sala. Às vezes lemos algo e temos dúvidas se aquilo é real, mas estando lá nós conseguimos entender melhor a gravidade dos acontecimentos. Fica marcado na nossa memória.”

Hellen conta que se emocionou ao conversar com um morador de Piranhas. “Estávamos falando sobre a história de Lampião e um senhor começou a contar com muita clareza, o que lembrava da época. Foi comovente. Também pudemos conversar pessoalmente com os ribeirinhos do rio São Francisco, que vivem da pesca e da agricultura, entendemos melhor a realidade deles devido ao fato de o rio estar secando. Vimos que não é especulação, está secando mesmo”.

Já na expedição rumo à capital pernambucana, o contexto são as invasões holandesas e os feitos de Maurício de Nassau. “Visitamos o Instituto Ricardo Brennand, um museu fantástico que conta a história da chegada dos holandeses ao Brasil por meio de objetos e registros transpostos nas telas. Nossos alunos são muito inteligentes e aproveitam todos os recursos que temos disponíveis para aprender”, elogiou Mauricéa.

Giulia Lessa, aluna do 8º ano, adorou a experiência. “Achei muito legal, me diverti bastante e fiz novas amizades! Conseguimos estar em muitos locais históricos das invasões no país e vimos obras, cartas e objetos usados pelos holandeses na época. Chamaram minha atenção as casas antigas, que ainda hoje são muito bem preservadas, principalmente em Olinda”, salientou.

MULTIDISCIPLINAR

A escolha dos lugares a serem visitados é feita com base especialmente no conteúdo didático das disciplinas de história e geografia. Também fazem parte do projeto as matérias de artes, música e teatro.

Dentro da disciplina de música, por exemplo, é feito um levantamento dos ritmos típicos dos lugares visitados, assim os alunos podem escutar e aprendem sobre eles. O frevo do carnaval de Olinda, assim como o xaxado do cangaço entraram na programação.

“Trabalhando com a parte histórica e lúdica, os alunos se apropriam da cultura e demonstram felicidade pelo que conquistaram. Nós ficamos impressionados com essa troca! No futuro, o conhecimento que eles adquirem será fundamental para ligar os fatos do passado e do presente”, concluiu Mauricéa.

Texto da equipe Em Contexto Comunicação publicado na Revista Contato! Edição 2019.

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