Colégio Contato incentiva alunos para a cultura com aulas de desenho, sessões de cinema e excursões a museus e cidades históricas.
Desde que, no início do século XIX, o filósofo alemão Friedrich Hegel classificou as principais formas de artes, a arquitetura, escultura, pintura, música, dança e poesia (pela ordem ascendente) têm ganhado status em diversas sociedades no mundo todo. Isso não mudou quase cem anos depois, quando o italiano Ricciotto Canudo acrescentou o cinema à lista. Em pleno século XXI, as sete artes ganham ainda mais dimensões no Colégio Contato, que realiza sessões de cinema, aulas de desenho e excursões a museus e cidades históricas.
No Ensino Fundamental, por exemplo, os alunos do 7º ano fazem uma excursão a Pernambuco para ver os resquícios históricos da invasão holandesa no estado. Apreciar o mais expressivo legado da Nova Holanda no Brasil – as telas de Frans Post – é a primeira atividade do grupo no Instituto Ricardo Brennand. O pintor fazia parte da comitiva de Maurício de Nassau e registrou a Olinda dos holandeses antes de ela ser incendiada e abandonada por eles.
De lá, os estudantes seguem para Olinda, com o objetivo de entender por que a geografia da cidade – principalmente por sua distância do porto – influenciou a decisão dos invasores de seguir para o Recife.
Já nos corredores do colégio, num clima mais descontraído, os alunos desenvolvem a criatividade desenhando com o artista visual e também professor Pedro Lucena, que resolveu aproveitar a hora do intervalo das aulas do Ensino Fundamental para distribuir folhas de cartolina e pilotos para os estudantes.
O professor tenta alinhar a prática com outros projetos pedagógicos do colégio, propondo para os alunos temas que também são trabalhados em outras disciplinas. Mas a única regra mesmo é não poder usar lápis e borracha. “Não pode apagar o desenho. A proposta é que eles descubram outros caminhos a partir do erro. Sempre digo a eles que lápis e borracha são para os fracos”, brinca.
A derradeira arte da lista, o cinema, ganhou espaço na conscientização dos alunos do Ensino Médio e na preparação para a faculdade. Depois de levá-los para assistir ao filme Tropa de Elite, numa sessão exclusiva num dos cinemas da cidade, o professor de geografia Ricardo Correa teve a ideia de promover debates no auditório do colégio. “Escolho obras que abordam temas complementares ao conteúdo transmitido em sala de aula. Geralmente, os próprios professores trazem sugestões de filmes”, explica.
Para debater com os alunos, Ricardo traz especialistas no assunto escolhido, com o cuidado de que nenhum deles tenha ligação a partidos políticos. “O objetivo é exercer a liberdade de expressão e prepará-los para o ambiente acadêmico”, afirma.
Ele conta que os alunos são livres até para fazer críticas aos debatedores, como na sessão do filme Meninos Não Choram. “Durante o debate, um aluno se levantou e disse que nós não estávamos discutindo direito. Ele disse que trabalhava numa ONG que atendia homossexuais e transexuais e que cada um sofria um tipo de violência diferente”, contou Ricardo.
“Nós reconhecemos que era ele quem devia estar conduzindo o debate”, salienta o professor, que sempre se surpreende com a participação dos estudantes. Além da homossexualidade, esse ano já foram discutidos temas como a pobreza no Brasil, globalização e comportamento jovem.
Texto de Mayara Barros publicado na Revista Contato! Edição 2014.