Esporte e solidariedade

By on nov 11, 2019 in Esportes, Geral, Projetos pedagógicos | 0 comments

Ações sociais durante os jogos internos mobilizam alunos e ensinam o valor da empatia

O dicionário define solidariedade como um sentimento de identificação com os problemas dos outros, o que leva as pessoas a se ajudarem mutuamente. Há alguns anos, o Contato Maceió decidiu iniciar um projeto para incentivar os alunos a fazerem parte desse movimento. Unindo esportes e ações sociais voluntárias, eles passaram a aprender e propagar valores importantes para a formação do ser humano, como a empatia, por exemplo.

Durante a realização dos jogos internos, além de participar das atividades esportivas em si, para vencer as competições os estudantes também tiveram que cumprir algumas metas. Entre elas, arrecadar alimentos e organizar uma ação solidária com impacto coletivo. Cada uma dessas etapas valia pontos para determinar quais seriam as turmas vencedoras. “Assim conseguimos estimular a criação artística e também exercitamos a responsabilidade social”, revelou Beto Brito, professor de literatura e coordenador de eventos.

Faz parte da tradição da escola atrelar aos jogos internos atividades de cunho social, que acontecem desde 2007, mas havia a necessidade de envolver mais os alunos. “Eles já arrecadavam alimentos a fim de efetuar doações para diferentes instituições. Sempre foram convidados a acompanhar essas doações, mas a adesão nunca foi muito grande. Por isso resolvemos propor algo diferente neste ano, incentivando a prática de ações sociais junto a grupos que eles mesmos escolheram, causando um impacto na comunidade. Além de ampliar os públicos, passamos uma mensagem humanitária aos alunos”, destacou a professora de português Daris Rocha.

SUCESSO DE ARRECADAÇÃO

A nova estratégia surtiu efeito e os alunos Contato fizeram bonito! Nos jogos internos deste ano foram realizadas 25 ações de solidariedade, que arrecadaram um total de 2583 peças de roupas em bom estado e mais de 6,7 toneladas de alimentos.

Cada turma escolheu uma instituição, um espaço, uma ação a ser executada. Alguns grupos escolheram lares de adoção de crianças, outros se deslocaram até comunidades carentes, alguns foram recolher lixo na praia, outros foram até instituições que abrigam animais abandonados. Pais e professores também se engajaram nas ações. A depender do local visitado, os alunos escolhiam as atividades a serem realizadas: cuidaram dos animais, brincaram com crianças carentes, recolheram lixo na orla, fizeram campanhas nas ruas em prol da segurança no trânsito, entre outras atividades.

“Foi um dos momentos mais bonitos que vivi aqui na escola. O esporte, por si só, já é agregador: une pessoas, envolve as famílias, ajuda os alunos a desenvolverem noções relacionadas à convivência em grupo e ao respeito ao outro. Associar o esporte às ações sociais, sem dúvida, potencializa todas essas questões. Assisti alunos empenhados, pais envolvidos, comentários posteriores em sala de aula sobre como foi importante conhecer outra realidade, ajudar, abraçar, acolher”, contou Daris, que leciona no Contato há dez anos.

CHORO E DIVERSÃO

Foi a primeira vez que a aluna do 7º ano, Marcela Ikeda, teve um contato tão próximo com a realidade de crianças carentes. Sua turma elegeu um projeto no bairro Vergel do Lago para desenvolver a ação social, que incluiu lanches, brincadeiras, presentes, sorteios, música e dança. “Foi um choque para mim. Encontramos uma situação totalmente nova. As criancinhas eram muito carentes mesmo, algumas tinham a higiene bastante precária e vários machucados na pele”, descreveu.

Um momento marcante para Marcela aconteceu quando uma das meninas acolhidas revelou seus sonhos. “Era seu aniversário de sete anos e, por isso, fizemos uma festinha com parabéns durante aquela manhã. Ela adorou, ficou super alegre e nos contou que tinha três sonhos na vida: ser modelo, ter uma bicicleta e poder estudar”.

Também foi difícil para Maria de Lourdes de Melo, aluna do 7º ano, segurar a emoção. Ela já participa de atividades solidárias promovidas pela igreja da qual faz parte semanalmente e achou a experiência com os colegas de turma um grande aprendizado. “A sensação de ajudar alguém é muito boa. Chorei e me emocionei, estava ao mesmo tempo triste e feliz, porque percebemos que temos tanto, enquanto outras crianças têm tão pouco. Coisas pequenas para nós podem ser importantes para outros. Aprendemos a dar mais valor às nossas oportunidades”, refletiu.

ENVOLVIMENTO

A iniciativa do colégio permitiu que, além dos conteúdos escolares, os alunos tivessem a oportunidade de aprender com a diversidade, implicando-se no acolhimento do outro, reafirmando o respeito por todos, seja na periferia, na praia, no trânsito ou no cuidado aos animais. “Foi bonito vê-los interagindo com pessoas de realidades tão diferentes, sem amarras, sem preconceitos, de coração aberto. Os pais também se envolveram, alguns, inclusive, se comprometeram a voltar aos locais visitados em momentos posteriores, dando continuidade às ações realizadas. O resultado foi muito gratificante!”, salientou Daris. “Eles vivem muito distantes da realidade de quem eles ajudaram. Sempre registramos em vídeo e o impacto é visível”, acrescentou Beto.

Para a aluna do 7º ano, Larissa Melo, o ‘empurrão” da escola para que eles desenvolvessem as ações foi fundamental. “Me senti lisonjeada e feliz porque ajudamos quem precisava e as crianças se divertiram muito. O colégio vem cada vez mais ensinando valores essenciais para a nossa vida. Pudemos conhecer novas perspectivas e nossa turma ficou mais unida por causa da organização. Fizemos tudo juntos. Foi uma experiência maravilhosa, tanto para eles como para nós”, refletiu.

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